terça-feira, 23 de outubro de 2012

1 O bar e eu


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Uma entrevista com Betinho.

O conhecimento e as histórias dos bares da noite carioca da década de 70 estão presentes na vida do cantor e ator Betinho. Artista de grande sucesso nos anos dourados do Rio, o músico gravou diversos temas famosos para novelas. Participou da primeira versão de "O Astro" e atuou em programas de humor, com Chico Anysio. A entrevista irá focar a música "Você tem tempo?", de Chico Anysio e Arnaud Rodrigues, interpretada por Betinho. 

Em uma 'conversa de bar', Betinho, que foi sucesso nas rádios brasileiras na década de 70, foca os pés sujos e limpos daquele período, e ressalta, com um sentimento especial, o extinto Bar Zeppelin, em Ipanema.

Gustavo Afonso: Betinho, a música "Você tem Tempo?" fez um grande sucesso na década de 70 citando vários bares do Rio. Todos eram muito familiares aos cariocas e brasileiros? Porque, em sua opinião, não possuímos, hoje em dia, tantos bares tão facilmente identificados a ponto de serem citados em músicas?

Betinho: Sim. Todos os bares citados eram verdadeiros pontos turísticos, points do Rio de Janeiro. Grandes músicos tocavam nos bares da época. Ivan Lins, Tim Maia, entre outros. Quanto a questão de não possuirmos mais bares tão familiares, os bares antigamente pagavam para o músico tocar. Hoje o músico tem repassar uma parte ao bar. Fora a violência e os Pubs, de outro estilo, que também acabaram substituindo um pouco esses bares do dia a dica carioca. A Lapa ainda revive um pouco esse tempo, no entanto, também não paga bem.

Como era a noite dos bares cariocas na década de 70?

Totalmente mais musical. A noite dos bares cariocas era musical. Tinha muito menos confusão, era muito mais tranquila que a noite dos bares de hoje em dia. Além de varar a madrugada, o que hoje em dia não ocorre.

A música possui um trecho dizendo "O Rio é Mundial". O que queria transmitir esse trecho e o que mudou nos tempos atuais?

O trecho queria mostrar que o Rio é uma cidade mundialmente conhecida. O Rio sempre foi mundial. Hoje, é mais mundial ainda devido a comunicação, a globalização. Além disso, o trecho possui uma curiosidade. O mesmo fazia um pequeno merchandising da Rádio Mundial, que fazia grande sucesso na época.

Quais bares mais frequentava? Por que a identificação com os mesmos?

Costumava frequentar muito o Number One, A Razão, o Vagão, o Zeppelin, etc. Gostava pois possuíam uma frequência legal. O Vagão era mais Hippie, curtia. Eram bares muito frequentados pelas mulheres, possuíam todo um glamour.


Qual tipo de público frequentava os bares citados na música, como Amarelinho, Castelinho, Zeppelin, entre outros?



O público predominante era jovem. E entre esse público, encontrávamos misturados intelectuais e artistas. O Bar Zeppelin era frequentado por mulheres bonitas, artistas, músicos, entre outros. Em relação as mulheres, sua frequência era um meio termo entre as hippies e as patricinhas. Possuía um ambiente muito legal.

Você frequentava o Bar Zeppelin, em Ipanema? Qual o estilo do extinto bar?
Frequentava. O Bar Zeppelin foi um dos primeiros bares Fashion. Era um bar temático e extremamente musical. Ponto de encontro certo de músicos, artistas e belíssimas mulheres.

Você ainda frequenta os bares do Rio? Qual sua atual impressão sobre a noite boêmia carioca?

Frequentar, não frequento mais. Vou a um ou outro raramente. Quiosque do Português, a Pizzaria Guanabara também, quando bato uma bola no Leblon. A Guanabara é um dos poucos bares que conseguiu resistir firme e forte ao tempo. Possui um ponto maravilhoso, no baixo Leblon. Quanto a boemia, ela não existe mais. Só sobrou a noite que é boêmia por natureza. Antigamente os artistas estavam na batalha, a parte musical era muito mais intensa e essa parte musical que sustentava a boemia. Todos influenciados por uma geração de músicos, como James Brown, Beatles, Jovem Guarda e mais um monte de feras.

Em relação a música, você concorda que o som de hoje em dia não possui mais tanta identificação com a boemia? Qual o motivo desse afastamento entre música e bar?

O artista é boêmio naturalmente. Mas não existe mais aquela relação dos artistas com a noite. É tudo mais individual. As turmas são raras. Você não precisa mais ir a um bar, um local, para ouvir uma música. Isso tudo acaba acarretando na falta de aprendizado, na falta de uma cultura mais diversificada que era trocada na noite, nos bares.

1 comentários:

  1. Companheiro por acaso voce tem o nome todo do Betinho ele era vizinho da minha familia em Vila Isabel nos anos 70 se puder informar algo sobre ele agradeço.
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